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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 13 de julho de 2012
CARRO FÓSSIL
Foto de Paulo Laborne |
O que sentimos
É um sentimento fóssil,
Como esses carros antigos
que perambulam em Havana,
costurando com suas queixas
os baques da cidade.
O motor anda
Como roendo a calçada
E o pneu cansado,
Não se sabe como,
Embriaga-se de quilômetros,
Montando turistas,
Engolindo e dando caronas,
Abraçando nos seus velhos assentos
Seis ou sete corpos
Em aventuras pós-modernas.
Sim, no seu interior,
Foto de Paulo Laborne |
Como nos filmes
Pode ter sexo ou violência,
Ação ou quietude futurista.
Por isso, também
Podem ser mentiras verdadeiras
Ou verdades mentidas:
Carroceria antiga em chassis nova,
Como o que sinto por ti.
FONTE: Catálogo de exposição de fotos "Havana", por Felipe Chibás Ortiz e Paulo Laborne.
HAVANA: LUA CARIBENHA
Autor: Felipe Chibás Ortiz
A Havana é uma lua sensual navegando nas ondas do mar Caribe. Sua luz noturna gera boleros e seu amanhecer de Sol e Lua ao mesmo tempo, geram mambos, guaguancos, guarachas, congas, sons e essa quente mistura de ritmos cubanos e caribenhos que hoje todos chamam de salsa. Essa mistura que é algo tão próprio do cubano, presente na suas comidas, religião e na pele de seus moradores.
Andando pelas suas ruas e avenidas parecem que o tempo se deteve e de repente viajamos numa máquina do tempo tropical.
Aparecem assim miragens, aparentemente surgidas do fundo de um baú de fadas, como podem ser carros fósseis americanos entre as décadas de 30 a 50, carros russos das décadas de 70 a 90, prédios e fortalezas dos séculos XVI até XIX, carroças tiradas por cavalos, bicicletas duplas para o transporte de pessoas, estátuas de heróis, vitrais, charutos gigantes que parecem fumar os seus donos, trios musicais cantores de saudades presentes e futuras e pessoas que vestem e vivem totalmente alheias as tendências da moda atual e as novas tecnologias. Mas também aparecem visões do terceiro milênio, também tipicamente cubanas, como é a nova infra-estrutura hoteleira, os coco-taxis e o camello, meios de transporte novos surgidos nessa capital como tentativa de resolver os graves problemas de transporte.
Sua magia imprevisível mostra-se também na simplicidade e sociabilidade de seus moradores e ruas que contrasta com arquitetura ímpar de prédios de colunas majestosas, anteriormente já cantada pelo escritor Alejo Carpentier, mesmo que precisando muitas delas de restauração.
Mas ninguém se engane: esses aparentemente pacíficos moradores carregam também dentro de si todas as histórias de lutas e sacrifícios desse pequeno país. Por isso, ao virar qualquer esquina parece que você vai encontrar de repente com algum herói ou mártir entre os séculos dezessete ao vinte. E se você tiver um pouquinho de imaginação voltará dessa viajem dizendo que conversou com José Martí, o excepcional poeta, filósofo, jornalista, pensador e articulador da independência cubana ou observou descer da sua estátua eqüestre o Maior General Antonio Maceo, o indomável guerreiro contra a coroa espanhola.
Porque esta cidade é o reduto dos românticos e namorados de alguém ou simplesmente da vida, que podem marcar um encontro com o fantasma de Heminway ou simplesmente reencontrar-se a si próprios nos cantos da Havana Velha (parte antiga da cidade tombada e restaurada pela UNESCO), bebendo um mojito ou um daiquirí (coquetéis preferidos pelo famoso escritor), em alguns dos seus bares ou botecos, caminhando no famoso muro a beira mar, conhecido como malecón, ou deixando-se levar pela euforia provocada pelos alucinantes shows das suas casas noturnas e assim empreender uma viagem a esse lugar distante, mas dentro de si, onde estão os sonhos e fantasias mais prezados de cada um.
FONTE: Catálogo de exposição de fotos "Havana", por Felipe Chibás Ortiz e Paulo Laborne.
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